Trechos do livro “Herdeiros
Autor: Luís Márcio Arnaut
Editora do Conhecimento
Ano: 2011

Pelo espírito V.

O autor real deste livro é um espírito que pede a vários artistas desencarnados que relatem suas experiências após a morte. E mostram que, tanto em vida como no mundo espiritual, a arte deve ser usada para evolução da consciencia.

Nos planos mais evoluídos, a Música nunca é mero entretenimento, Ela é sempre dedicada ao Divino e emite vibrações, cores e aromas. Somos tocados por alguma música quando, de algum modo, em algum grau, acessamos o mesmo sentimento do nosso lar espiritual, onde já estivemos antes daqui, e retornaremos após a morte.

O V. reuniu relatos de artistas desencarnados que foram muito famosos quando encarnados. Assim, cada capítulo é um relato pessoal de alguém, e cada capítulo não tem nenhuma relação com os outros. Os espíritos não se identificam, mas a partir das descrições da suas vidas, que foram muito conhecidas, pode se descobrir quem é o autor.

O trecho abaixo é de uma cantora européia que ficou conhecida como “a diva das divas”, e esse rótulo causou muito sofrimento para ela em vida e no pós vida. Ela precisou reaprender o verdadeiro significado da Música e a sua descoberta ela compartilha neste lindo relato.

“Conheci seres maravilhosos, tarefeiros profundamente devotados ao que na Terra chamam de musicoterapia ou arte-linguagem-expressão, ou ainda algo parecido com isso. São seres que disseminaram por todo o planeta os conceitos de que pela arte se pode fazer almas mergulharem em si mesmas e fazer com que elas consigam valorizar-se mais, descobrirem-se mais e despertarem-se para a vida, para Deus.

Descobri que, em tempo remotos, na Grécia, eu já havia contribuído para estes estudos na aurora do homem. Compreendi as flores de Mozart, Gounod, Bach, Debussy, Beethoven, Verdi, Sibelius, Donizzeti, Puttini, Bellini, e tantos outros missionários da religião. Sim, não há outra forma de definir a arte para os encarnados senão que ela é uma forma de o homem se religar ao que de mais puro existe em sua essência, no que existe de mais verdadeiro e grandioso em si, que é a centelha divina, traço da criação comum a tudo no Universo esplendoroso.

E o que é essa centelha divina senão Deus latente no homem que busca o eterno, o belo e o divino? Só há esta forma, para mim, de definir a arte: uma forma de religião, um caminho para o Pai. Antes era fama, realização e prestígio. Ah, como somos efêmeros e vulneráveis!

Devo considerar que muita arte no Planeta Terra ainda é muito materializada e muita música ainda possui pistas de ser primitiva, assim como filmes, peças, quadros, objetos plásticos, letras e textos, enfim, tudo em sua forma artística de se expressar. Sim, existem mesmo as expressões inferiores. Devo comparar a inferioridade das artes atuais com figuras mais fáceis para entendermos. Imagine a ciência, na época da descoberta da roda. A roda era artesanalmente esculpida na rocha, sendo aperfeiçoada ao longo dos milhares de anos. Assim como o papel, os metais e os produtos químicos, a própria matemática começou engatinhando. As artes também são assim. Não há diferença. Crescerão, assim como poderão encontrar o caminho para o belo, o verdadeiro, para a pureza e para a vida.

Arte que não dá vida verdadeira, aquela vida de que Jesus falou, vida para fazer florescer o coração, ainda não é arte pura, é arte contaminada com inferioridade humana. Mas isso é natural, porque tudo passa. Nada é igual sempre. Esperemos cinquenta anos para ver como a música será diferente e as artes serão distintas. Imagine daqui a duzentos anos. A vida é transformação, tudo o que é inferior passará. A Terra regenerar-se-á , florindo-se para a vida verdadeira.

Eu, como sonhadora que sou, vislumbro um mundo de mais harmonia, mais amor, mais fraternidade, e mais música em todos os confins da Terra. Vejo pessoas se reunindo para cantar, para tocar instrumentos, e para ajudar o próximo com a melodia. Vejo as pessoas se alimentando de arte no futuro, visto ser alimento para a alma aqui na espiritualidade. Não se trataria mais da matéria passageira, mas sim da arte eterna, que nos aproxima do Pai.

Vejo a arte se tornando o aspecto filosófico mais estudado nas religiões e ciências do futuro, tornando-se essencial nas comunidades do porvir, mais que a ciência e a tecnologia. Vejo a arte ecoando das almas para Deus, formando acordes de amor e fraternidade pelo Universo sem fim.

(…)

Entendemos posteriormente que, cantando, os homens expelem energias negativas e que, de acordo com a música, de acordo com a harmonia e o ritmo, ela toca determinado componente de seu perispírito tão profundamente que faz com que o cantor seja beneficiado por uma espécie de cura dos males que cometeu contra si mesmo. Mas era uma cura, como se diz na Terra, psíquica.

Isso quer dizer que tudo depende da vontade do cantor. São formas pensamentos que são destruídas, emoções que são enraizadas e sentimentos baixos, negativos e ruins que se impregnam na alma.

Com consciência pesada, melancólicos e deprimidos, possuindo fortes sentimentos de culpa, arrependidos, tristes e desanimados, todos esses tipos de pacientes podem colocar suas dores para fora quando cantam. A música está na alma humana; basta encontrarmos a sintonia para ela. Por isso digo que cantar é viver, e que a música para mim é a vida.

A música está na natureza, na terra, no vento, no ar, na água, nas plantas, nas pedras, em tudo. Onde existe harmonia, há música. E tudo pode nos curar, basta que cantemos a vida.

O homem precisa explorar a música para descobrir valores mais espirituais para a alma. Já era fã de Platão por dizer que a música é o remédio da alma. Imagina quando vi os efeitos terapêuticos sendo aplicados nos seres humanos, porque, por minha inferioridade, se me permitem avisar de antemão, eu jamais teria conseguido imaginar tudo isso.

A música penetra no mundo dos sentimentos e das emoções, perfila os pensamentos para a harmonia, o controle, a interiorização e a concentração. Se a música for para elevar a alma, mais poderosa será para aproximar o ser de Deus. Se for música elevada, poderá tirar os sentimentos mais mesquinhos e mais pesados.

Vi, muitas vezes, na cultura religiosa da Terra, muitos anjos tocando instrumentos musicais, cantando, entoando cânticos de louvores. Sempre achei abominável essas figuras de linguagem, pois me comparava a esses anjos e me sentia um em certos momentos, mas, muitas vezes, acreditava nada ter de anjo. Entendi aqui que o conceito de anjo está se referindo à superioridade do homem sobre o mundo inferior e atrasado da matéria, das formas e cores do mundo de carne. O anjo representa a sublimação do homem, sua elevação. As asas mostram sua leveza em relação à matéria pesada, e seu talento musical revela sua proximidade com os sentimentos mais elevados da existência: o equilíbrio, a harmonia com o Todo, o “sentir” Deus por meio da música.”

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