“O bem nunca fica sem recompensa, mas não espereis que ele vos chegue necessariamente na mesma forma em que o fizestes. Ele pode vir sob formas completamente diferentes e de que não estais à espera.

Vós dais dinheiro e gostaríeis que vos retribuíssem em dinheiro?… Não, mas talvez recebais saúde, amizade, esperança, inspiração, ou a sensação de que sois um verdadeiro filho de Deus, pois, tal como o vosso Pai Celeste, vós dais sem nada esperar. A lei da justiça é uma lei cósmica que nada nem ninguém pode pôr em causa. É uma má compreensão desta lei da justiça que desencoraja os humanos de fazerem o bem. Eles têm medo de ser alvo de abusos. Não, não devem ter medo. Mesmo que, efetivamente, haja quem se aproveite deles, um dia, de uma maneira ou de outra, serão recompensados pelo bem que fizeram.”

 
“Para apreciar o valor de alguém, a maioria das pessoas têm em conta a sua situação social, a sua fortuna, os seus diplomas, as suas maneiras mais ou menos sofisticadas, e é em função dessas vantagens exteriores que lhes atribuem responsabilidades ou lhes concedem privilégios. É por isso que elas se enganam muitas vezes, porque não tiveram em conta o essencial, o caráter.

Um Iniciado, pelo contrário, para se pronunciar só tem em conta o caráter. Tudo o que uma pessoa adquiriu ou recebeu de exterior não o impressiona, pois é fácil adquirir o talento, as habilidades, a erudição ou até a fortuna: bastam alguns anos ou até alguns meses, conforme os casos. Mas são necessárias vidas e vidas de trabalho, de esforços, para desenvolver o altruísmo, a lealdade, a bondade, a generosidade, a coragem… E os Iniciados só têm consideração por estas qualidades.”

 
“Por estarem habituados a esperar tudo do mundo exterior, seja dos seres ou das coisas, os humanos têm sempre necessidade de receber… E mesmo de se apropriar, pois, quando não recebem aquilo que esperam, procuram obtê-lo por todos os meios, mesmo os mais ilícitos. E é esse o lado negativo deste hábito de esperar tudo do exterior. Quem consegue sentir que possui tudo nele mesmo acha-se tão rico que sente necessidade de dar aos outros alguns desses tesouros que já não pode conter.

Aprendei, pois, a procurar a riqueza em vós mesmos. No começo, talvez não encontreis grande coisa, mas, pouco a pouco, ficareis deslumbrados pela abundância e pela beleza do que conseguireis descobrir. Então, não pensareis em mais nada senão em partilhá-lo com os outros e, graças a essa necessidade de dar sempre, aproximar-vos-eis da Divindade.”

 
“Muitas pessoas imaginam que, permanecendo frias, insensíveis, sem brilho, sem amor, podem ser bem sucedidas na vida. Coitadas! Se querem ser bem sucedidas, primeiro têm de se habituar a ser vivas, e só se tornarão vivas aprendendo a amar. Também para isso há exercícios a fazer. Quais? Vou ensinar-vos um muito fácil. Num momento em que ninguém esteja a ver-vos, erguei a mão enviando todo o vosso amor para a terra e para o céu, para os Anjos, para o Senhor, e dizei: «Eu amo-vos, amo-vos, e quero estar em harmonia convosco.» Habituando-vos a projectar assim no espaço algo de vibrante, de intenso, tornais-vos como uma fonte, como um sol.

Por que é que certas pessoas se refugiam por detrás de um rosto sinistro em que não se sente amor, nem bondade, nem sequer inteligência? Elas não se apercebem de quanto essa atitude é perniciosa, tanto para elas como para os outros. Elas devem aprender a expressar amor para se tornarem vivas, para que o seu rosto e o seu olhar sejam vivos, para que a sua presença seja viva.”

 
“Muitas vezes, vós hesitais em manifestar a vossa bondade dizendo a vós próprios que ninguém apreciará o vosso gesto: os humanos são ingratos e mesmo maus – pensais vós –, não vale a pena procurar fazer qualquer coisa por eles. Pois bem, essa é uma maneira de pensar muito perniciosa, pois paralisa-vos naquilo que tendes de melhor.

Vós fizestes o bem e não fostes recompensados, é possível que até tenhais sido enganados. Mas compreendei, de uma vez por todas, que o vosso comportamento não tem de depender da atitude dos outros. Fazei o bem e não espereis nada, contai somente com Aquele que vê tudo, que sabe tudo. Só ele pode apreciar as vossas acções boas e generosas e, portanto, será d’Ele que virá a recompensa… mas talvez sob uma forma diferente daquela que estáveis à espera. Tereis melhor saúde, sereis mais fortes, mais sábios, mais felizes: não é essa a melhor recompensa?”

 
“Esforçai-vos por viver bem hoje, pois o amanhã ainda não existe e, inquietando-vos com ele, é como se vos lançásseis num vazio onde correis o risco de vos perder. É sobre o hoje que deveis trabalhar, pois o hoje não morre, só se prolonga, para se tornar o amanhã.

Jesus dizia: «Não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã cuidará de si mesmo.» Estas palavras obrigam-nos a meditar sobre a ideia de duração, de continuidade. Aquele que faz uma corrente deve velar pela solidez de cada elo dessa corrente, pois, se um só elo for frágil e se partir, de nada serve que todos os outros se aguentem: o conjunto é quebrado. Nós devemos, pois, viver cada dia segundo as leis divinas, para fazermos de cada dia um elo sólido e a cadeia não se quebrar. O dia de hoje é um novo elo que deve acrescentar-se aos outros, e é nesse elo que nós devemos concentrar-nos.”

 
“Nós só representamos algo de grandioso e de belo na medida daquilo que fazemos para a coletividade, para toda a humanidade; é aí que assumimos o nosso verdadeiro valor, pois tornamo-nos colaboradores do próprio Deus.

Aquele que trabalha para o bem da coletividade é um obreiro no campo do Senhor. Os espíritos luminosos aproximam-se dele para o marcar com o seu selo e, uma vez que ele está marcado, é como se estivesse inscrito numa lista; ao lado do seu nome é anotado o que lhe é devido e todos os dias ele recebe um ‘correio’, a que também podemos chamar um ‘salário’. Esse salário assume diversas formas: força para o espírito, dilatação para a alma, luz para o intelecto, calor para o coração, saúde para o corpo físico.”

 
“As pessoas sentem instintivamente que, para fazerem mal, devem esconder-se a fim de não serem apanhadas e condenadas. E, para praticarem o bem, pensam que podem mostrar-se! Algumas, por vaidade, até se exibem, e assim desencadeiam oposições, excitam a malquerença, a inveja. Quereis oferecer alguma coisa a alguém? Sede prudentes também nesse caso: talvez seja preferível não existirem testemunhas. E, por vezes, mais vale que aquele a quem fazeis bem ignore de onde isso lhe chega, pois o vosso gesto pode provocar nele reações inesperadas.

Em todos os relacionamentos com os outros, procurai ter em conta as relações complicadas que, em cada ser humano, a natureza inferior tem com a natureza superior.”

 
“Esforçai-vos por só ter em consideração a natureza divina dos seres, a sua alma, o seu espírito; ela é que vós deveis servir. Não vos ocupeis a satisfazer os caprichos da sua natureza inferior, limitada, egoísta… Vós direis: «Sim, mas, se eu não cedo aos desejos da minha família, dos meus amigos, das pessoas no meu trabalho, só vou provocar descontentamentos.» Deixai-os zangar-se, continuai a amar e a servir unicamente o seu lado
divino!

Jesus dizia: «Deixai os mortos enterrar os mortos.» Como interpretar estas palavras? Que mortos são esses? A natureza inferior, a personalidade, deve ser classificada entre os mortos e, se se procurar muito contentá-la e satisfazer os seus caprichos, acabar-se-á por morrer também. Jesus não se referia aos mortos dos cemitérios, esses estão onde devem estar; e só os corpos é que estão mortos, a sua alma está viva. Os mortos de que Jesus fala são os seres que não têm vida espiritual, porque se deixam ir demasiado atrás da sua natureza inferior, e não se deve perder o seu tempo e as suas energias a satisfazê-los.”

 
“Faltam-vos, muitas vezes, os meios materiais para fazerdes todo o bem que gostaríeis de fazer? Isso não deve entristecer-vos. Ficai a saber que não sois assim tão desprovidos de meios. Quando vos cruzais com um mendigo na rua, dais-lhe algum dinheiro, porque não podeis dar-lhe mais, mas podeis ajudá-lo de outra maneira, usando o poder do pensamento. Parai um pouco mais adiante, concentrai-vos e projectai em todas as pessoas que passam o vosso desejo de fazer algo por aquele homem. O que não podeis dar, outros o darão por vós e, assim, tereis participado nessa dádiva.

Não penseis que a vossa generosidade está limitada ao que podeis fazer pessoalmente; ela também pode manifestar-se através de outros. E isso é válido para todos os casos em que quereis ajudar alguém mas não tendes possibilidades materiais para isso. O que conta é alimentardes sempre em vós bons pensamentos, com intensidade, para que eles inspirem noutros seres o desejo de os realizar.”

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