“A quantas pessoas não gostaríeis vós de dizer que elas devem ser mais pacientes, mais indulgentes, mais sinceras, mais estáveis, etc.! Mas não vos enganeis, se vós mesmos não possuirdes as qualidades que quereis despertar nos outros, por mais que façais não conseguireis influenciá-los.

Nenhuma palavra, nenhum meio exterior pode conseguir transformar os seres humanos, compreendei bem isso. Nenhum meio exterior! É no interior, no coração, na alma, que vós deveis possuir um elemento especial. Esse elemento que vibra, que irradia, é que tem influência em quem vos rodeia; então, mesmo sem sequer abrirdes a boca, fazeis nascer nas outras pessoas o desejo de vos imitarem. Talvez elas não consigam isso imediatamente, porque ninguém se liberta de um dia para o outro dos seus apetites e dos seus instintos inferiores, mas apercebem-se de que há em vós algo de luminoso, de caloroso, de vivo. Essa luz, esse calor e essa vida é que se impõem a elas e as levam a querer seguir o vosso exemplo.”

 
“É desejável que cada vez mais pessoas admitam a realidade da reincarnação, mas na condição de saberem servir-se dela para a sua evolução. Ora, o que é que se passa na maior parte dos casos? Em vez de compreenderem que o mais importante é o que elas são agora e o que fazem agora para preparar a sua vida futura, muitas confabulam sobre vidas anteriores imaginárias, dignas de romances, ou apressam-se a ir falar com videntes para que eles lhas revelem, e muitas vezes esses videntes dizem-lhes o que calha para lhes agradar.

Na realidade, o passado dos seres não é difícil de conhecer. A partir do que eles são hoje, das suas qualidades e dos seus defeitos, das suas faculdades e das suas lacunas, podemos conhecer – sem entrar em detalhes, claro – o que eles foram; o que eles são nesta incarnação não lhes aconteceu por acaso. A lei das causas e das consequências, que se aplica a toda a criação, entrou em ação para modelar a sua existência atual. Então, agora, eles devem é ocupar-se do seu presente para prepararem o seu futuro.”

 
“Se puserdes na terra um caroço ou uma semente de limão, de maçã ou de melão, vós não lhes dizeis: «Ouve bem: o teu programa é tornares-te um limoeiro, uma macieira ou um meloeiro.» O caroço ou a semente já têm um programa inscrito neles, basta plantá-los para que esse programa se realize e eles se tornem o que a natureza espera deles. Eles agarram-se à terra e, dia após dia, vão-se desenvolvendo. Quando uma fase está terminada, eles passam à seguinte, não se questionam sobre o que têm a fazer daí a um ano ou cem anos.

Por que é que eu estou a falar-vos de árvores? Porque o ser humano também é uma semente que tem o seu programa inscrito nele pela Inteligência Cósmica. Ele ainda não é capaz de o conhecer porque não para de elaborar por ele próprio programas que só obscurecem a sua vista e o fazem desviar-se do seu caminho. Ele deve manter-se interiormente livre, disponível, para descobrir o esquema inscrito profundamente na sua alma.”

 
“Cada um de vós pode ser, num momento ou noutro, vítima de injustiças… Então, se isso vos acontecer, começai por dizer: «É passageiro. Não durará.» Suportai essa situação com paciência, humildade, amor, e um dia saireis dela vitoriosos. Mesmo os melhores seres podem ser vítimas de injustiças, mas o Céu e a terra juraram dar-lhes o que eles merecem se, apesar de todos os obstáculos que encontram, eles continuarem a seguir pelo caminho da luz; é uma lei absoluta. Então, para que haveis de inquietar-vos?

Não deveis perguntar-vos se as entidades que dirigem o vosso destino são inteligentes e boas ou se elas adormeceram e vos esqueceram. Deveis somente perguntar-vos se fazeis bem o vosso trabalho. Porque essas entidades conhecem perfeitamente o seu e, quando chegar o momento, elas não só restabelecerão todos os vossos direitos, como sereis recompensados ao cêntuplo.”

 
“É bom, periodicamente, fazer uma pausa e rever a sua vida. Porquê? Porque, muitas vezes, dia após dia, a existência que se leva fica pesada, obscurecida, por causa de toda a espécie de preocupações e de atividades que se acrescentam umas às outras sem nada trazerem do ponto de vista espiritual. Sob a influência da atmosfera ambiente, esquece-se que se ficará muito pouco tempo na terra e que se deixará aqui todas as suas aquisições materiais, os seus títulos, a sua posição social.

Vós direis que toda a gente sabe isso. Sim, todos sabem isso, mas a maior parte esquece-o. E mesmo os discípulos de uma Escola Iniciática, muitas vezes, são influenciados: ficam menos vigilantes, deixam-se obnubilar pelo espetáculo das riquezas e dos sucessos que vêem à sua volta. Por isso é indispensável que, de vez em quando, eles façam uma pausa para olharem para trás, analisarem a direção que estão a seguir, as atividades em que estão empenhados, e, de cada vez, fazerem uma triagem para só manterem o que é essencial.”

 
“Todos têm curiosidade de conhecer o seu futuro, é natural, mas para isso será necessário irem consultar clarividentes? Eu dir-vos-ei que não, pois é muito fácil cada um adivinhar o seu futuro. Se gostais de tudo o que é elevado, nobre, justo e belo, e se trabalhais plenamente com o vosso coração, o vosso pensamento e a vossa vontade para alcançar e realizar isso mesmo, o vosso destino já esta traçado: um dia, vivereis em condições que correspondem ao vosso ideal: a paz, a liberdade, a luz. É isto o que há de essencial a conhecer sobre o vosso futuro.

Evidentemente, o mais provável é não saberdes o que será a vossa profissão e que encontros, que ganhos ou perdas de dinheiro, que doenças, que acidentes ou que insucessos tereis… Mas nada disso tem grande importância, porque é passageiro e pode ser-vos dado e tirado. Quando deixardes a terra, só vos restará verdadeiramente o que corresponde às aspirações da vossa alma e do vosso espírito.”

 
“Na vida interior, na vida espiritual, há que desejar ter um lugar ao lado do Rei, mas nas questões terrestres é preferível não aspirar a uma posição tão elevada. Se necessitarem realmente de vós, acabarão por encontrar-vos, mas nada diz que sereis muito felizes quando estiverdes sobrecarregados pelas responsabilidades e pelas preocupações que assaltam fatalmente aqueles que ocupam os lugares cimeiros nos negócios, na política, etc.

Um verdadeiro Iniciado não procura um posto elevado, mas, interiormente, ele aponta para tão alto que vós nem sequer podereis aperceber-vos. Tal como ele, aceitai um lugar modesto na sociedade, se o destino não vos apresentar outro mais glorioso, mas na vida espiritual procurai elevar-vos o mais alto possível.”

 
“Vós ledes ou escutais umas palavras que vos maravilham: é uma revelação, sentis que algo de novo acontece em vós. E, com efeito, umas palavras imbuídas de verdade possuem realmente um poder mágico. Mas, se não fazeis nada com a idéia expressa por essas palavras, os seus efeitos esbatem-se. Só vos resta tentar ouvir novas palavras para sentirdes de novo as mesmas emoções espirituais, que, de modo semelhante, se apagarão. Que sentido tem isso?

Deveis encontrar, finalmente, um bom método de trabalho: quando receberdes uma verdade, não vos limiteis a ficar maravilhados durante alguns minutos, procurai viver o dia inteiro com ela. Quando estais a trabalhar, a passear, a ouvir música, a fazer cozinha ou a lida da casa, não a largueis. Estudai-a sob todos os aspectos, tentai compreender como ela se verifica em todos os domínios e em todas as circunstâncias. Assim, fá-la-eis encarnar-se em vós.”

 
“Um mau hábito é como um cliché que se imprimiu nos nossos corpos sutis. Uma vez impresso, ele reproduz-se infinitamente. Mesmo que depois se lamente o erro que se cometeu, de pouco servirá: ele será repetido… e lamenta-se de novo! É um encadeamento infinito de erros e remorsos, pois o remorso também inscreveu o seu cliché e é por isso que vem sempre depois do erro, mas não ajuda a corrigi-lo.

Então, o que há a fazer? Substituir o cliché, isto é, substituir os maus hábitos, empenhando-se, pouco a pouco e conscientemente, em ter outros pensamentos, outros sentimentos, e, sobretudo, em fazer outros gestos. E assim haverá tantos novos registros, tantos novos clichés, que conseguirão neutralizar os outros. Os novos registros não apagarão os anteriores, pois, na Natureza, nada se apaga, mas sobrepor-se-ão a esses clichés antigos e serão eles a agir.”

 
“Basta que vos falte alguma coisa para vós começardes a queixar-vos. Por que é que a constatação dessa falta há-de obscurecer subitamente o vosso olhar? O sol nasce todos os dias, vós tendes luz, ar, água, alimentos… Podeis ver, ouvir, saborear, compreender… E também tendes a faculdade de entrar em relação com o Criador, com todas as entidades celestes e com os humanos.

Em que é que pensais quando estais diante do espelho, de manhã?… E quando fazeis correr a água no lavatório ou no chuveiro?… E quando vedes a vossa mulher e os vossos filhos, em que é que pensais? Responder-me-eis que não tendes mulher nem filhos. Admitamos que não, mas, quando saís de casa, encontrais pessoas. Em que é que pensais quando as vedes? Todos os seres que vivem junto de vós, e aqueles com quem vos cruzais, estão lá para vos fazer refletir, para afinar a vossa sensibilidade. Em vez de vos focardes naquilo que vos falta, aprendei a regozijar-vos com todas as inesgotáveis riquezas da vida, e vós próprios vos tornareis mais vivos.”

 
“Pode suceder que nos sintamos projetados no Céu no momento em que menos esperamos. Evidentemente, gostaríamos de lá permanecer para sempre, mas isso não e possível, há tantas coisas que ainda nos retêm presos no mundo de baixo! Se o Céu nos concede essa graça é para nós termos um pressentimento, uma intuição, do que é esse espaço de luz onde estamos destinados a viver um dia. Essas alegrias súbitas que por vezes sentimos são o prenúncio de uma libertação que há de vir.

Quando as árvores começam a perder as suas folhas no Outono, sabeis que o Inverno se aproxima; e, no Inverno, quando as campainhas-brancas começam a surgir por debaixo da neve, vós sabeis que elas anunciam a chegada da Primavera. Tal como na Natureza, na vossa alma aparecem sinais precursores e vós deveis aprender a reconhecê-los e a decifrá-los.”

 
“A meditação é um exercício do pensamento pelo qual vos esforçais por vos elevardes o mais alto possível no mundo espiritual. É um exercício difícil. Para vos ajudar nesse sentido, imaginai que subis uma montanha e procurais atingir o seu cume: esta imagem transportar-vos-á para uma outra montanha, dentro de vós. A Ciência Iniciática chama ao cume dessa montanha plano causal. Ao fazer esforços para vos elevardes até esse cume, não só tereis as maiores possibilidades de realizar os vossos melhores pensamentos e os vossos melhores desejos, mas também vos sentireis invulneráveis interiormente.

Jesus dizia: «Construí a vossa casa sobre rocha.» A rocha é um símbolo do plano causal. No plano causal, vós estais em segurança, pois estais muito alto, num solo muito estável, e nada pode atingir-vos. Se construirdes a vossa habitação no plano mental ou no plano astral, com pensamentos e sentimentos indiferenciados, vulgares, andareis a patinhar em regiões pantanosas e estareis sempre vulneráveis. Deveis instalar-vos nas alturas do plano causal e é a meditação que vos projeta até lá.”

 
“Não vos inquieteis com a possibilidade de alguém tomar o vosso lugar. Nenhum ser pode estar no lugar de outro. Cada um tem o seu lugar no Universo, pois Deus fez dele um ser único, dotado de uma determinada vibração. No plano físico, é certo, as pessoas injustas, desonestas, podem chegar a destituir outras, mas no plano espiritual é impossível. O lugar que Deus dá a cada um de nós é absolutamente o que ele merece. Há uma justiça absoluta neste domínio.

Nenhuma criatura tem a possibilidade de tomar o lugar de outra, mas cada uma deve desenvolver-se até à perfeição que Deus perspectivou para ela. Mesmo que outras tenham um papel mais importante a desempenhar, lá onde ela se encontra é ela que reina, porque foi Deus que lhe atribuiu esse lugar. Pela sua vida, cada criatura segrega uma quinta-essência a partir de si mesma e essa quinta-essência é-lhe específica. Nenhuma outra criatura pode substituir-se a ela, ela é única e insubstituível para sempre.”

 
“A única filosofia verídica sobre o homem é a que tem em consideração a totalidade do seu ser. Porquê mutilá-lo?… Ele tem de ser robusto, maleável e resistente no plano físico; no plano astral, é preciso que o seu coração seja pleno de amor e de bondade; no plano mental, ele deve possuir um intelecto luminoso e penetrante para compreender as leis do universo e da vida.

Mas isto não é tudo. Se as escolas e as universidades apontam como ideal aos estudantes eles tornarem-se letrados, eruditos, especialistas nesta ou naquela matéria, a Ciência Iniciática, essa, não se fica por aí. O seu objectivo é levar os humanos ainda mais alto, para que eles desenvolvam faculdades superiores às do plano mental, as faculdades do corpo causal (o intelecto superior), do corpo búdico (o coração superior) e do corpo átmico (a vontade superior). Estas faculdades superiores é que nos darão a sabedoria, o amor e o poder: a plenitude.”

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