Religar conhecimento ao amor é o mais instigante desafio do momento. É esta a metavirtude que precisa orientar nossa sofisticada tecnociência. Como afirmou um sábio, o amor é a tecnologia mais sofisticada de todos os universos!… Sem amor não é possível reinventar e reencantar nenhum mundo, nenhuma sala de aula… Nós precisamos da pedagogia do amor, porque esta é a primeira e a derradeira lição de uma escola transdisciplinar holística da existência. Somente no dia em que aprendermos a amar total e incondicionalmente é que receberemos um certificado de humanidade plena. Esta é a Utopia Humana e estamos aqui para fazê-la florescer…
Não é difícil constatar que o desencantamento do mundo se deu através da desconexão com esta fonte de Vida, sobre a qual Teilhard de Chardin afirmava: “Quando os seres humanos domarem as ondas, os ventos, as tempestades, os furacões, quem sabe não dominarão, também, as forças do amor? Então, pela segunda vez na história da humanidade, teremos inventado o fogo!”
Aprender a conhecer e a fazer de forma integrada, através da experiência viva e com discernimento continua sendo uma arte a ser devidamente aplicada e aperfeiçoada. Para tal, necessitamos de uma escola do Olhar, pois a visão é a véspera do conhecimento. Abrir o olhar para si, para o outro, para o Universo e o Totalmente Outro, eis uma lição fundamental. Um olhar fluídico, que não fica paralisado num único alvo, capaz de acompanhar a dança do agora. Mudar o mundo é mudar o modo de olhar… Necessitamos, também, de uma escola da Escuta. Escutar antecede compreender. Precisamos transcender esta crise absurda, esta surdez diante dos alaridos e canções da realidade, relembrando um pensamento de Confúcio:
Aos 15 anos, orientei meu coração para aprender.
Aos 30, plantei meus pés firmemente no chão.
Aos 40, não mais sofria de perplexidade.
Aos 50, eu sabia quais eram os preceitos do Céu.
Aos 60, eu os ouvia com os ouvidos dóceis.
Aos 70, eu podia seguir as indicações do meu próprio coração, porque o que eu desejava não mais excedia as fronteiras da Justiça.
Quando orientamos o coração para aprender? Não apenas para conhecer o mundo exterior e para, nele, atuar. Sobretudo para aprender a estar no mundo, navegar o encontro e florescer como seres humanos. Para tomar consciência do fio de ligação que conecta todos os nossos passos e todos os eventos no qual habitamos. Como afirma o estadista, Václav Havel, a educação, hoje, é a capacidade de perceber as conexões ocultas entre os fenômenos.
Quem é terapeuta, sabe que cada sintoma é um texto sagrado, que precisa ser escutado e interpretado, em seus múltiplos significados. Como afirma a sabedoria dos velhos rabinos, cada frase bíblica é susceptível de 72 interpretações! Pois são 72 os nomes que damos àquilo que não tem nome, segundo a Cabala. Esta é uma sábia prevenção contra o perigo dos catecismos estreitos e dos fundamentalismos fanáticos, cuja tragédia estamos presenciando. Como afirmou um sábio, fanático é uma pessoa que não muda de ideia e nem de assunto!