Um Manual Para A Ascenção, por Serapis Bey
O grande mito do amor consiste em estares convencido de que podes amar alguém, alguma coisa ou, pelo menos, a ti mesmo.
Ninguém pode amar outro; tu não podes amar-te a ti mesmo nem amar outras pessoas!
Sabes porquê? – Porque o amor não é um «fazer» mas um «permitir ser»!
A energia a partir da qual o Universo está construído possui, em si mesma, uma qualidade: o deleite de ser. Trata-se da aceitação do direito de todas as coisas serem o que são, da alegria da expressão de todas as coisas, à medida que desfrutam do seu direito de ser.
Todos os seres provêm da Fonte e, por isso, têm o direito divino de expressar a sua divindade, tal como todos os seres têm o direito de desfrutar as expressões dos demais. Assim é porque, na verdade, todos são um só… ainda que engenhosamente disfarçados para darem a sensação de estarem separados. Aceitares esta satisfação de te exprimires, assim como o deleite de ver os outros a fazer o mesmo, é uma experiência maravilhosa, a qual constitui aquilo a que eu chamo «amor».
No entanto, não se pode «fazer» satisfação ou deleite; só se pode permitir que assim seja e deixar que isso inunde o ser completamente, como qualquer outra emoção. E, de facto, esta emoção não está condicionada por aquilo que o outro ser possa fazer; baseia-se em conhecer e experimentar a divindade que há nele.
Se alguém que tu conheces está, por exemplo, irritado e agressivo, ainda assim, ele está a expressar a sua divindade… ainda que tal forma de expressão possa não te cativar muito!
Portanto, o amor não é algo que se possa «fazer»; é, sim, a resposta, vinda de dentro, a uma frequência particular de energia que flui para dentro de ti, que vibra através de ti e ressoa à tua volta, constantemente.
Porém, muitas coisas podem fazer com que te contraias perante o amor. O medo, evidentemente, impedirá que o sintas e distorcerá aquele pouco que ainda sejas capaz de sentir.
O medo não é o oposto do amor; é o guardião vigilante do portão que, muito simplesmente, impede que sintas altas frequências de energia nos teus campos.
O medo encontra-se enraizado nos sistemas de crenças ou nas opiniões acerca da realidade, embora tais crenças e opiniões não tenham qualquer relação com a realidade em si mesma.
O amor consiste em te permitires sentir esta energia em relação a ti mesmo, em relação aos outros e ao Universo em geral. O amor começa com a aceitação do direito de ser, pessoal e alheio, uma aceitação que vai crescendo até se converter num apreço por ti mesmo e pelos outros, pelas suas qualidades, dons e bondade básica. E continua a crescer até se transformar numa alegria e numa fascinação que envolve tudo e todos.
Muito bem. Mas então, o que fazer para que isto te aconteça?
Antes do mais, livra-te do medo de estares separado do ESPÍRITO, de seres incapaz de manejar a tua vida, de seres melhor ou pior do que os outros. Quando fores capaz de ver, a ti e aos outros, como seres imensos e multidimensionais «embutidos» em insignificantes corpos, esses medos desvanecer-se-ão.
Isto não é nada fácil porque em todos os momentos estás mergulhado e nadas numa espessa sopa de medo, denominada realidade de consenso. Mas, tal como veremos adiante, isso não passa da opinião generalizada das pessoas acerca do que é a realidade… o que não tem qualquer semelhança com a verdade. Mas também é verdade que foram vocês todos que construíram essa realidade de consenso ao longo de milhares de anos… o que foi de extrema utilidade para o jogo da separação!
Devido aos medos profundamente enraizados que a maioria das pessoas transporta nos seus campos, tornam-se incapazes de distingir entre o amor e o medo. Por conseguinte, aquilo a que essas pessoas chamam amor, na verdade, não passa de um intercâmbio manipulador de atenção e afectos.
A pessoa que não se ama a si mesma ou que não pode fazê-lo porque não pode ver ou não dá permissão à sua própria divindade, irá desesperadamente em busca de alguém que a faça sentir-se segura. E, quando vê esta segurança ameaçada, volta a cair na chantagem e no controlo emocionais através da retenção do afecto… em nome do amor!
Quando se ouve alguém dizer a outra pessoa: «Amo-te», o que, frequentemente, quer dizer é: «Tenho medo e preciso de ti para seres o meu escudo de protecção». Ou, quando Estanislau (que é casado com Fenegundes), mantém relações sexuais com Hermenegilda, Fenegundes logo massacrará o marido com o seguinte discurso: «Como foste capaz de me fazer uma coisa destas!? Sempre julguei que me amavas!»
Mas – pergunto eu – o que é que a divindade de Estanislau tem a ver com os direitos de exclusividade que Fenegundes pensa ter sobre o corpo do marido?
O que, de facto, ocorre aqui é que Fenegundes está a sentir-se insegura. Se ela fosse capaz de ver a divindade em si mesma e em Estanislau, muito provavelmente, o comentário seria: «Então? Foi bom?»
Mas – por favor! – trata de ver a perfeição em tudo isto. Conseguir levar a separação até este ponto requisitou a vossa máxima engenhosidade… a qual se transformou num êxito inaudito!
O amor é relaxares-te dentro da tua própria natureza. De facto, não podes sair prejudicado por te abrires a esta energia. Evidentemente, uma pessoa que ainda esteja a operar a partir do medo, poderá fazer com que passes um mau bocado; todavia, encara esse comportamento como uma réplica baseada no medo, uma resposta que não te é dirigida especificamente, mas sim ao que tu representas para ela. É por essa razão que ela age a partir dos seus próprios medos. Assim sendo, tal comportamento nada tem a ver contigo!
Este ponto de vista é essencial para que possas tornar-te «impessoal»… embora isso seja outro tema.
Desta forma, sente-te infinitamente amado pelas tuas dimensões mais elevadas, especialmente pelo eu-espírito. Descarta-te do medo de estares sozinho. Não estás só nem nunca poderás vir a estar.
Trata de aceitar e apreciar a tua natureza; se te deleitares com quem verdadeiramente és começarás a sentir o amor do ESPÍRITO a fluir dentro de ti. E lembra-te: o amor não precisa de ser dirigido para ninguém em particular; o amor não é mais do que a Fonte amando-se a si mesma.
Desde que te permitas sentir o fluxo desta energia, perceberás que ela cresce nos teus campos e, desde aí, inevitavelmente, projecta-se na direcção dos outros. Um dia, quando a represa se romper, verás os teus campos inundados de uma aceitação incondicional em relação a tudo e todos.
Tudo é feito de uma «coisa boa»; portanto, quem não está submetido ao amor?
«Espera aí! – poderás tu dizer-me – todos os dias estou rodeado de pessoas com espíritos malévolos. Como poderei amá-los?»
É muito simples: não ofereças resistência às suas caprichosas personalidades ou elas, simplesmente, assanhar-se-ão ainda mais. Limita-te a abrir o chacra do coração e sente a energia do amor nos teus campos; se abrires o teu chacra cardíaco, essas pessoas terão que se esforçar bastante para manter os delas fechados. E agradece-lhes por te terem dado a oportunidade para praticares este simples estratagema!
O ódio, os ciúmes, etc., são os sinais de uma personalidade baseada no medo, que não pode sentir a energia do amor no interior dos seus campos. Então, canaliza amor para ela projectando sobre ela uma golfada energética de iniciação. Se o medo for demasiado grande talvez a coisa não funcione mas, pelo menos, esse fluxo de amor projectado impedirá que o medo dela contamine os teus campos. Livre da necessidade de seres condescendente, sê amorosamente compassivo.
Jamais te esqueças disto: estar exilado do ESPIRITO significa morar onde domina o medo.
Nunca antes, na história deste planeta, as energias favoreceram tanto a abertura à vibração do amor. Por isso, permite-te ressoar com ela à medida em que se for apropriando dos teus campos; permite que impregne todas as tuas relações, indistintamente: o namorado, os amigos, os familiares, o mecânico de automóveis, a empregada do supermercado…
Vocês, Trabalhadores da Luz, estão no princípio da fila, à frente do resto da população; além disto – permitam–me que vos recorde – concordaram em dar inicio a esta brincadeira!
Portanto, quando sentirem a ressonância do amor, ganharão a segurança suficiente para permitirem que as amizades alcancem novos níveis de intimidade. Ter medo da intimidade significa, muito simplesmente, ter medo de perder a identidade. Posso garantir, no entanto, que, aderindo a tal abertura do coração, vocês sairão a ganhar, não a perder.
Quando as pessoas se permitem vibrar com a energia do amor, sem se verem obrigadas a ceder ante a imposição de condições ou expectativas futuras, começam a operar de espírito para espírito. Nesta expressão plena de quem são torna-se fácil e natural compartilhar, mental, emocional e fisicamente. O sexo, portanto, converte-se na união do espírito com a carne, em vez de ser uma mercadoria passível de ser transaccionada por um pouco de segurança… ou por um bom jantar!
O teu corpo físico é uma gloriosa expressão do Espírito; compartilhar esta expressão de forma livre, aberta e satisfatória com outras pessoas é, apenas, mais um aspecto da tua divindade.
E o que é que acontece se estiveres envolvido numa relação que começou a definhar?
O velho método consistia em transigir e trabalhar essa relação na esperança de conseguir reconciliar as diferenças. Agora, porém, já sabes que as vossas «assinaturas» energéticas não estão a engrenar. Assim, dado que ninguém tem a culpa, façam as pazes e sigam em frente. Que cada um siga o seu caminho, antes que comecem as lamentações. Manterem-se de molho na escuridão não serve a nenhum dos dois, e muito menos ao ESPÍRITO. Tu e a tua parceria tinham um acordo de espírito para espírito, para ficarem juntos durante um certo período; e, durante esse lapso, as vossas «assinaturas», de facto, encaixaram-se. Porém, quando um acordo termina, a ressonância começa a falhar e não tarda a darem-se conta de que a «outra metade» quase parece um estranho. Quando a coisa chega a este estado, o melhor que têm a fazer é honrar a situação e declarar um empate! E afastem o medo de que não virão a ter mais relações, pois a ressonância desse medo, vibrando nos vossos campos, afastará os pretendentes. Ao invés, mantenham-nos a vibrar numa saudável expectativa e confiança, e limitem-se a observar!
Pode ser difícil ver a «perfeição do Plano» quando, por exemplo, as relações primárias terminam e, eventualmente, trazem consigo situações e sensações como abandono, dor, vergonha, culpa, perda de auto-estima, etc.
De facto, onde está a perfeição em tudo isto?
Bom, lembrem-se de que decidiram participar no jogo, tendo em vista os objectivos a que se propuseram. Talvez tenha sido, por exemplo, para desbaratar o velho padrão de continuar a olhar para fora em busca de aprovação; ou para assimilar novos dados acerca da natureza do amor; ou para se deslocarem para um estado transpessoal. Não importa a razão; observem o quadro completo e vejam se vos serve.
Se calhar sentiram necessidade de ficar sozinhos para ultrapassar certas mudanças… para se libertarem e começar uma nova relação… para viver noutro lugar…
Vocês são Trabalhadores da Luz, estão aqui com uma missão e propuseram-se certas experiências para poderem melhorar o desempenho. Este não é um Universo ao acaso; nada ocorre sem que exista um propósito superior. Portanto, tentem ver o quadro completo. Mas, acima de tudo, tratem de não pensar que alguém lhes pregou uma rasteira. Não faz mal sentir um pouco da energia de «vítima» desde que, depois, a retirem dos campos. Porém, de nada serve permitir que a instrução «ser vítima» se converta em parte da identidade. Além disso, por negar a vossa mestria, acaba por se transformar num obstáculo.
Finalmente, lembrem-se de que a «Anedota Cósmica» está escondida algures, à espera que vocês sejam capazes de se lembrar dela com… engenho e arte!