“Para um grande número de pessoas, e em particular para os intelectuais, a única verdade é a verdade científica. Na realidade, mais importante do que a verdade científica é a verdade da vida. E a verdade da vida consiste em aprender a situar todas as existências no edifício cósmico para ver como elas vibram em harmonia e participam na vida do Todo. Portanto, não basta observar e estudar com precisão todos os elementos da natureza, é preciso ir mais longe e ver as ligações que existem entre eles, para se compreender como circula de um para outro esse algo que eles não possuem separadamente: a vida.

O verdadeiro saber encontra-se na vida. Separai os elementos e a vida já não estará lá. Saber que um mineral ou um vegetal tem uma determinada propriedade, um determinado odor, um determinado sabor, uma determinada cor, não é o essencial, pois, enquanto os considerardes isoladamente, separai-los da vida. Ligai-os a todos os outros elementos da terra e do céu, a vida manifestar-se-á e vós tereis o verdadeiro saber.”

 
“Enquanto os humanos não tiverem compreendido que devem ter um alto ideal, uma ideia divina que ilumina e purifica a sua atmosfera interior, o que quer que eles façam estarão sempre insatisfeitos. Isso vê-se: mesmo em férias, mesmo nas melhores condições, no campo, à beira do mar, na montanha, falta-lhes qualquer coisa. Sim, mesmo fora dos escritórios, das oficinas, das fábricas, eles sentem-se infelizes. Enquanto não tiverem uma ligação ao mundo espiritual, nenhum meio material poderá reconfortá-los; façam o que fizerem, sofrerão.

Evidentemente, ninguém pode afirmar com razão que a existência dos operários, por exemplo, é magnífica, e que não existem na sociedade enormes injustiças que é preciso remediar. Mas isso é outra questão. A verdade é que, da forma como se encara estes problemas, mesmo que haja grandes melhorias no plano material, continuará a haver os mesmos descontentamentos ou ainda piores. Eis a prova: nos últimos anos foram resolvidas imensas questões materiais, mas as pessoas não se dizem mais felizes nem mais satisfeitas. Isso mostra bem que o que lhes falta é de outra natureza.”

 
“Armas que favorecem o seu instinto de agressividade… e um conforto que favorece o seu instinto de preguiça… Será que os investigadores e os técnicos podem sentir-se felizes e orgulhosos por terem dado aos humanos tantos meios para eles se destruírem melhor? Sim, pois, antes de chegarem ao ponto de se destruir pelas armas, eles estão a perder, pouco a pouco, a sua resistência física e as suas faculdades psíquicas por causa de todos esses aparelhos que os dispensam de fazer esforços.

Aparentemente, existe progresso, mas, na realidade, constata-se um enfraquecimento da vontade e das faculdades espirituais. Por isso há cada vez mais pensadores, e até cientistas, que começam a duvidar de que todo esse progresso técnico contribua para o bem
da humanidade.

Isso não significa que se deve parar o progresso, não, é a própria Natureza que impele os humanos a fazer investigações. Mas essas investigações devem ser orientadas de modo diferente. Nunca se deve parar de investigar, nunca se deve parar de aprofundar o conhecimento dos mistérios da Natureza, mas há que fazê-lo seguindo uma outra direcção, a direcção para o Alto, ou seja, para o espírito.”

 
“Aqueles que querem entregar-se exclusivamente à oração, à meditação, ao trabalho do pensamento, suprimindo totalmente o trabalho físico, provocarão grandes anomalias em si mesmos. O homem foi criado para viver nos três mundos: mental, astral e físico, isto é, o mundo do pensamento, o mundo do sentimento e o mundo da ação. Se descurais um destes três planos, mutilais-vos, perdeis a vossa integridade e não podeis apresentar-vos diante do Eterno como um ser que procurou desenvolver harmoniosamente todas as possibilidades que recebeu d’Ele. Além disso, há que saber que, ao descurar um plano, prejudica-se a qualidade dos outros dois.

Atualmente, o trabalho físico é desvalorizado e, tanto quanto podem, as pessoas recorrem aos aparelhos, às máquinas. Caminha-se cada vez menos, sobe-se cada vez menos escadas. Mas, quando se recusa os trabalhos no plano físico, acaba-se por encontrar obstáculos nos domínios afetivo e intelectual.”

 
“Imensos crentes deixam a religião porque, segundo eles, as descobertas da ciência anulam ou contradizem as verdades da fé. Pois bem, isso só prova que eles não compreenderam grande coisa da religião nem da ciência, pois, pelo contrário, as descobertas da ciência só reforçam as verdades da fé, que são as verdades ensinadas pela Ciência Iniciática.

Na realidade, não existe qualquer oposição entre a ciência e a religião: elas caminham a par, e a arte caminha com elas. As três estão ligadas, porque já estão ligadas no homem: a ciência alimenta o seu intelecto, a religião alimenta o seu coração e na arte ele exercita a sua vontade criadora. Uma vez que o intelecto, o coração e a vontade coexistem no ser humano, não se deve separá-los nem privilegiar um em detrimento dos outros. Deus deu-os ao homem para que eles trabalhem em conjunto.”

 
“Vós sabeis o que é uma radiação, uma emanação e uma vibração. O que não sabeis é que esses fenómenos têm uma ligação com o intelecto, o coração e a vontade. Ao intelecto corresponde a radiação, ao coração corresponde a emanação e à vontade corresponde a vibração.

O intelecto irradia: o seu movimento é a linha reta. As emanações do coração são ondas circulares. E a vontade vibra (para a esquerda e para a direita, para cima e para baixo, para diante e para trás).

A radiação é a luz projetada para melhor se avançar e fazer descobertas. A emanação representa a dilatação, a dádiva: as partículas que vão rodear com o seu calor os seres e as coisas. E a vibração marca o começo da ação.

Na radiação existe a sabedoria. Na emanação existe o amor. Na vibração existe a força. Por isso, segundo a intensidade das radiações de um ser vê-se qual é a sua sabedoria, consoante a natureza das suas emanações pode-se sentir qual é o seu amor e pelo poder das suas vibrações descobre-se qual é a sua força.”

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