“Mesmo que seja atacado, um Iniciado nunca deve usar contra os outros os poderes que tem. Ele só deve servir-se desses poderes para se tornar cada vez mais invulnerável às acusações, aos ataques, para não sucumbir e transformar em ouro e em pedras preciosas os calhaus que lhe atiram.

A grandeza de um Iniciado está em ele ter conhecimentos e poderes e recusar-se a utilizá-los em proveito próprio. E o Céu, que lhe permitiu adquiri-los, vigia-o. Ele só tem o direito de utilizar esses conhecimentos e esses poderes para o seu próprio avanço espiritual e o dos outros, não para se impor, responder às injúrias ou vingar-se. Não foi esse o exemplo que Jesus deu?”

 
“Vós recebestes do Criador imensas faculdades e imensas qualidades, mas não tendes consciência disso, porque ignorais que a melhor maneira de as desenvolver é pô-las ao seu serviço. Um dia, teremos de prestar contas por todos esses dons. Vós já lestes nos Evangelhos a parábola dos servos aos quais, antes de ir viajar, o seu amo entregou uma certa quantidade de dinheiro: ao primeiro, ele deu cinco talentos, ao segundo deu dois, ao terceiro deu um. Quando regressou, pediu-lhes contas. O que recebera cinco talentos e o que recebera três tinham-nos feito render, ao passo que aquele que só tinha recebido um tinha-o enterrado no solo. O amo, diz a parábola, mandou-o prender, ao passo que os outros foram recompensados.

Acontece o mesmo em relação às qualidades, aos dons, às virtudes, que nos foram dados: um dia, o Céu perguntar-nos-á o que fizemos deles. Se os enterrámos, isto é, se nada fizemos para os desenvolver, seremos postos na prisão, o que significa que, por um tempo, ficaremos limitados no nosso desenvolvimento. Se os fizemos render, não só seremos recompensados, como receberemos outros, ainda mais preciosos.”

 
“Preservai sempre em vós um ideal de perfeição. Mas esse desejo de vos aperfeiçoardes não deve ter como único objetivo a vossa própria evolução: pensai que ele deve ser útil, proveitoso, para o mundo inteiro. É neste sentido que, daqui em diante, o progresso deve ser feito.

Até agora, todos os ensinamentos espirituais conduziram os humanos mais ou menos para a via da salvação individual: o saber, os poderes, as revelações… todas as aquisições espirituais que eles faziam eram para eles mesmos. Por isso eles isolavam-se, escondiam-se algures, em grutas ou nos mosteiros, para não serem perturbados pelas agitações do mundo exterior. Pois bem, esta filosofia deve agora ser abandonada. A nova filosofia ensina que nós devemos aperfeiçoar-nos mas sem nunca cortarmos o contacto com os outros. Pelo contrário, é preciso aceitar os inconvenientes, fazer sacrifícios ou até sofrer, mas ser útil. Aperfeiçoar-se para ser útil à coletividade – é esse o verdadeiro aperfeiçoamento.”

 
“Vós dizeis que é impossível ajudar o mundo inteiro, levar a harmonia e a paz a todos os humanos, porque eles são muito numerosos! Evidentemente, se apresentardes o problema deste modo, é impossível fazer o que quer que seja. Mas, se conhecerdes certos métodos, tornar-se-á possível.

Tentai, por exemplo, imaginar a humanidade como um único ser. Sim, imaginai o mundo inteiro como um ser que está ali perto de vós e que lhe estendeis a mão enviando-lhe muito amor… Nesse momento, há pequenas partículas da vossa alma que partem em todas as direções do espaço e aquilo que vós fazeis por esse ser reflete-se em todos os homens e mulheres do mundo que, pouco a pouco, começarão a ter outros pensamentos e outros desejos, melhores, mais generosos. Se fôssemos centenas ou milhares a fazer este exercício, um novo sopro, um sopro divino, passaria através de todas as criaturas e, um dia, elas despertariam verdadeiramente transformadas.”

 
“Nada é mais precioso do que ter uma qualidade, um dom, uma faculdade. Só que é preciso não querer usar esse dom unicamente para si, mas para o bem de todos os seres. Será que existem muitas mulheres que, conscientes da sua beleza, se questionaram sobre quais os efeitos que a sua maneira de explorar essa beleza estava a provocar nos outros? Quer seja a beleza, as faculdades artísticas ou as faculdades intelectuais, devemos procurar servir-nos delas para despertar a centelha, o fogo sagrado que dormita em cada um. Então, atrairemos para nós a alegria do Céu.

Nós não viemos à terra para nos fazer notar ou ser aplaudidos a qualquer preço. Quaisquer que sejam os talentos e os dons que a Natureza nos concedeu, devemos, antes de tudo, procurar a aprovação divina. E só a obteremos se conseguirmos exprimir aquilo que despertará os seres para a verdade, para a luz.”

 
“O Criador fez de todos nós depositários de dons, de faculdades, de talentos, que devemos cultivar. Vós direis que isso requer demasiado trabalho e demasiados esforços, que os outros talvez não reconheçam. Mas porquê dar tanta importância a que os vossos talentos sejam reconhecidos? Deus, que vos deu essas riquezas, vê o que vós construís com elas, e não é sensato fazerdes o vosso desenvolvimento depender da opinião dos outros. Só deve contar a opinião d’Ele, do vosso Criador.

Reparai no que se passa com as pessoas célebres. Num dia, todos têm os olhos fixos nelas, mas algum tempo depois caem no esquecimento… Num dia são postos nas nuvens, e pouco tempo depois são assassinados. Por vezes, sucedem as duas coisas ao mesmo tempo: enquanto uns as adoram e as glorificam, os outros cortam-nas em pedaços.”

 
“Aquele que sabe olhar pelos seus irmãos humanos e suportar as suas fraquezas, as suas lacunas, as dificuldades que eles lhes criam, atrai a benquerença e o apoio das entidades celestes. Então, nunca imiteis as pessoas que recusam ligar-se aos outros com a desculpa de que eles são inferiores. Essas pessoas são ignorantes não sabem que, desse modo, transgredirão a lei da troca e que, em consequência, o mundo divino recusar-se-á a fazer trocas com elas.

Cabe a cada um descobrir como deve estabelecer verdadeiros contactos com os outros. Que o homem de ciência dê os seus conhecimentos, que o sábio dê a sua luz, e que aqueles que recebem essa luz e esses conhecimentos se regozijem por terem ficado mais esclarecidos! Que o forte se sinta feliz apoiando o fraco e o rico ajudando o pobre, e que o fraco e o pobre se mostrem reconhecidos por terem sido socorridos! Todos aqueles que, seja em que domínio for, recusam fazer circular as suas riquezas não passam de águas estagnadas, de pântanos: eles jamais descobrirão o sentido da vida, pois ignoram a poderosa lei da troca. São as trocas sinceras, fraternas, que proporcionam a verdadeira felicidade.”

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